UMA OTICA POSITIVA DOS CONFLITOS

a ótica positiva dos conflitos
31/05/2009
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Os conflitos existem desde o início dos tempos e são uma realidade sempre presente nas relações humanas e de trabalho. Eles se originam da diversidade de pontos de vista entre pessoas, da pluralidade de interesses e expectativas, além da diferença entre as formas de agir e de pensar de cada um dos envolvidos.
O sistema econômico, o mercado e a concorrência, os diversos matizes de visões políticas no mundo atual têm estimulado práticas e comportamentos baseados em princípios de competição, o que se reflete nos relacionamentos interpessoais, sociais e até entre nações, gerando novos conflitos de forma muito acirrada e até de natureza selvagem.
O conflito é parte de toda interrelação, seja ela de natureza pessoal, social ou mesmo política. Isto porque, em uma determinada conjuntura, as opiniões divergem, os valores são diferentes e as necessidades não são as mesmas. A forma de abordar uma situação conflitiva é que fará a diferença, e, se as partes aceitarem o conflito, vê-lo como uma oportunidade e o líder político, empresarial ou classista gerenciá-lo adequadamente poderá trazer resultados muito positivos para sua equipe ou para a comunidade.Paradoxalmente, esses mesmos conflitos são importantes para o crescimento e desenvolvimento de qualquer sistema, seja ele social, político, familiar ou organizacional.
No entanto, o que nos tem chamado a atenção é que a gestão dessas relações reiteradamente resulta mais da visão e da motivação momentânea do gestor do que propriamente de objetivos meritórios nos quais deveria se basear sua liderança.A exacerbação do conflito pode levar a situações muito complexas, como guerras mundiais, a eterna problemática palestino-israelense, o enfrentamento do crime organizado em relação às instituições do Estado, os difíceis acordos para a criação de CPIs que interessam ao País, o desacerto entre bancadas no Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras municipais para a constituição de mesas diretoras, dentre outras que podem gerar consequências muito negativas para a sociedade.
O verdadeiro líder deve possuir uma qualidade, que pode ser desenvolvida, que é a capacidade de negociação. Não a do “toma lá, dá cá” que vicia as relações institucionais e que, não raras vezes, leva à corrupção, mas a forma positiva, na qual é fundamental preparar-se, planejando e procurando ter uma visão ampla de tudo que está inserido no contexto, conhecendo bem o problema em análise, levando em consideração os interesses de ambos os lados, no sentido de encontrar a melhor solução com habilidade, usando seu poder pessoal com propriedade e oportunidade, paciência, flexibilidade, determinação e objetividade.
A negociação precisa definitivamente ser encarada como um exercício contínuo de convivência, a maneira mais democrática de se resolver conflitos, não sendo de nenhuma forma permitido que interesses pessoais sobressaiam, mormente em se tratando de pessoas que são pagas (nas empresas) para atuarem proativamente em busca dos objetivos organizacionais ou são eleitas (políticos) para equacionarem alternativas de solução para os problemas de toda ordem que afligem a coletividade. Esses líderes simplesmente não têm esse direito.É imprescindível a utilização de uma estratégia orientada objetivamente para a solução do problema em questão, ou seja, focar-se no assunto cujo desdobramento deve, sempre, beneficiar o conjunto da comunidade, ao invés de priorizar as necessidades muitas das vezes criadas deliberadamente pelas pessoas envolvidas.
Se assim for feito, não haverá perdedores, somente vencedores. Em tempos que se avizinham às eleições para presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais, inúmeras contendas já se fazem presentes nos diversos níveis da esfera pública em termos de arranjos políticos na busca do poder, o que passa por natural pelos profissionais da área, no entanto a sociedade brasileira evoluiu bastante em relação ao quadro relatado por Bertolt Brecht em sua descrição do “analfabeto político”, ela está atenta e sequiosa da solução dos seus recorrentes problemas de saúde, educação, transporte, geração de emprego e renda, querendo efetivamente participar da distribuição do “bolo” que há mais de 500 anos tem suas maiores e melhores fatias abocanhadas por pequenos grupos que se autodenominam representantes e “benfeitores” das camadas populares.Para políticos, empresários e empresários-políticos lembro que, de acordo com uma das inúmeras definições doutrinárias, “negociar é a arte de compreender a pluralidade de opiniões e saber acordar entre as partes, de maneira que todos obtenham resultados favoráveis”. Já filosoficamente, seria de bom alvitre que todos considerássemos Saint-Exupéry quando disse que “na minha civilização, aquele que é diferente de mim não me empobrece; me enriquece”.


Antonio Alencar Filho é administrador e presidente da Associação de Resgate e Cidadania do Estado de Goiás e escreve aos domingos

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