A luz resplandece nas trevas

O Império Romano foi importante para a humanidade por seu legado de realizações em diversas áreas, principalmente na política, no Direito e, mesmo, na arte da guerra. Mas, como se tem constatado através da história, os impérios, apesar de seu esplendor e poder, não duram para sempre.
A partir do século III, um longo período de declínio econômico e desacertos conduziu à queda de Roma, tendo como motivos primordiais o enorme dispêndio de recursos pelo Estado para manutenção da máquina militar, o embotamento intelectual da sociedade pela excessiva influência das religiões e da superstição, desvios de ordem moral, as invasões dos povos bárbaros, dentre outros, iniciando-se a Era do Obscurantismo medieval na Europa, também chamada Idade das Trevas.
Por volta de 1300 veio o Renascimento, dando novo formato à civilização européia ocidental, com a ocorrência de incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, sendo, sem dúvida, o ideal do humanismo o motor desse progresso e se tornou o próprio espírito desse período evolutivo.
Já no século XVII tardio ou início do XVIII, vimos prosperar o que se chamou de Iluminismo ou Século das Luzes, com a ênfase sendo focada nas idéias de progresso e aperfeiçoamento humano, assim como na defesa do conhecimento racional como meio para a superação de preconceitos e até ideologias tradicionais. Houve uma atitude geral de pensamento e de ação. Os iluministas consideravam que os seres humanos têm perfeitas condições de tornar este mundo um mundo melhor - mediante introspecção, livre exercício das potencialidades humanas e do engajamento político-social. Immanuel Kant, um expoente do pensamento iluminista, descreveu de maneira ímpar essa atitude: “O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos impuseram a si”.
Durante todo o século XVIII consolidaram-se acontecimentos que alteraram profundamente a política, a economia, a sociedade e a cultura: A Idade Moderna. Esse momento pode ser considerado, exatamente, como uma época revolucionária cuja base consiste na substituição do modo de produção feudal - um período de fome, pestes e guerras - pelo modo de produção capitalista que criou condições propícias às descobertas marítimas e ao encontro de povos em que as pessoas passaram a adotar modos de vida com novos valores e princípios, contestando os valores medievais - feudais. Exatamente aí iniciou-se a globalização, eis que as descobertas de novas rotas marítimas e novas terras, abriram caminho para as comunicações com todo o mundo.
Não há como negar o imenso progresso do mundo contemporâneo. Ciência e tecnologia avançaram de modo rápido e extraordinário, além da verificação da humanização das relações, somente faltando na atualidade mundial e nacional a resultante desejada da inclusão social.
Como podemos depreender desse estudo evolutivo da sociedade ocidental, houve trevas, mas fez-se a luz. Mesmo sob o enfoque bíblico, foi necessário que Deus dissesse fiat–lux antes de ser separada a luz das trevas, o que nos conduz a uma conclusão sociológica de que é preciso um grande empenho e determinação dos líderes das organizações sociais e da esfera política para que a luz das condutas esclarecidas e das boas intenções tornadas realidade no dia a dia da sociedade possam efetivamente resultar em benefícios que minimizem a preocupante situação em que as comunidades se encontram nos campos da saúde, educação, emprego e renda, condições de ascensão na pirâmide social, dentre outras.
Quem se aprofunda no estudo da história, especialmente da evolução cultural e espiritual da humanidade, reconhece a existência de duas forças antagônicas: as forças do progresso e da expansão, de um lado, e as da decadência e da contenção, de outro.
Com o advento da estrondosa crise financeira mundial, estamos agora no meio do terremoto e das sombras. No entanto, sabemos que o novo mundo que emergirá da crise será melhor. Haverá o controle das grandes jogadas financeiras, o combate ao consumismo desvairado, e, em melhores níveis de conscientização, a afirmação da defesa do meio ambiente e a volta do trabalho solidário. Para sua reflexão, pense nisto “você é vida, energia que emana e resplandece a luz”.


Antonio Alencar Filho é administrador e presidente da Associação de Resgate e Cidadania do Estado de Goiás

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