A palavra precisa voltar a valer mais que papel

As relações humanas, na atualidade do mundo em que vivemos, têm padecido de seus conceitos, por serem relativizados no ondular dos interesses em jogo de determinadas situações.
Em nossas casas, adotamos internamente os padrões assimilados de familiares e de nossos contemporâneos mais próximos, representando um verdadeiro berço de formação moral e ética consentânea com os melhores princípios e virtudes da civilização ocidental cristã.
Tentamos viver na comunhão de pensamentos e ações, sintonizando hábitos, sentimentos e emoções através de ações positivas na busca da harmonia interior e coletiva. No entanto, tendências costumam emergir em nosso ser que, às vezes, nem mesmo as reconhecemos como possíveis. Na sociedade global, cuja prática consumista tornou-se generalizada até mesmo nos países em desenvolvimento com seus Estados e municípios ainda autodenominados democratas, tem-se verificado o aparecimento dos mais diversos perfis humanos, não só no setor empresarial, mas, sobretudo, na área política com uma incrível flexibilização de valores, como ser honestos ou desonestos, ao sabor de objetivos específicos e, digamos, conjunturais. Isto tem levado setores da população a uma situação de desencanto com seus líderes a ponto de surgirem movimentos considerados anarquistas e, em outro extremo, e de busca por uma sociedade, considerada utópica por alguns, em que as questões sociais sejam equacionadas por meio de negociações limpas e transparentes, onde a palavra empenhada pelas partes tenha uma efetividade maior do que um pedaço de papel com inúmeras assinaturas que nem sempre representam as verdadeiras intenções.
Nas igrejas, presenciamos as pessoas postadas diante de suas crenças, com a demonstração de uma fé tão fervorosa que nos dá uma breve idéia de um mundo sem crimes nem pecado. Ao término de cada culto, voltam para suas casas com uma sensação e convicção de salvação eterna. É um importante fator de equilíbrio psicológico e espiritual na sociedade, proporcionado por um número ainda pequeno, mas com tendência de se ampliar, de vocacionados e dedicados líderes religiosos evangelizadores que prestam inestimável serviço às pessoas e almas necessitadas.
No trabalho, convivemos com todo tipo de postura humana dentro de um contexto de sobrevivência profissional, visando quase sempre um status com a exacerbação da figura do “ter”. Alguns falam de uma aposentadoria que lhes dê confortável situação financeira, outros da casa nova, do carro moderno e daí por diante. Ouve-se multifacetados comentários. Mas o que realmente impressiona, neste jogo de vaidades, é o desprezo pela busca do “ser”. Ser humano, ser gente, ser parceiro responsável.
Felizmente, estamos num novo milênio, com grandes transformações em curso na sociedade, em que as pessoas passaram a exercer o seu direito à cidadania, com acesso à informação, maior liberdade de protagonismo em seu destino, onde os valores têm sido resgatados e, dentre eles, todo político já se sente pressionado para que, quando proferida e empenhada sua palavra sobre determinada matéria ou assunto de interesse social, não mais será possível anulá-la como se rasga um papel ou acordo.
Antonio Alencar Filho é administrador e presidente da Associação de Resgate e Cidadania do Estado de Goiás

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