Uma viagem na comunhão de pensamentos

A história, às vezes, passam longe das memórias das crianças de ontem, adultos de hoje. Vou procurar citar algumas passagens das três últimas décadas de nosso País que, com certeza, marcam as figuras dos velhos coronéis com resíduos bem atualizados nos interesses dos seus desejos materiais.

Na década dos anos 80, foi tempo da transição na política de uma ditadura plena para um regime de liberdade vigiada ainda sob as regras de um sistema coronelista. As eleições, mesmo que de forma indireta, um civil chamado Tancredo Neves foi eleito presidente, e sua vitória foi recebida com muito entusiasmo pela maioria dos brasileiros no ano de 1985. Com sua morte por infecção generalizada, assumiu José Sarney no dia 22 de abril de 1985. Até meados de 1986, os Planos Cruzados I e II são lançados, como princípio o congelamento de preços, salários congelados, do primeiro estoura pela demanda, do segundo a moratória, a explosão da inflação. Ainda na era Sarney, já em 1987 entra o Plano Bresser, que mesmo com todas as medidas, a inflação chegou a 366% em dezembro, com a entrada do novo ministro Maílson da Nóbrega no ministério da Fazenda; o Plano Verão se faz presente até fevereiro de 1989, a inflação atingindo 2.751%.

Entre tantos planos sórdidos e irracionais, a nossa carta magna de 1988 foi elaborada e aprovada pelo Congresso Brasileiro, com a premissa de que o nosso país atingiu o ápice da democratização. As regras do jogo constitucional foi oficializada como a taboa da salvação do povo brasileiro. Antes deste momento importante, nós, goianos, experimentamos e passamos a maior tragédia com o acidente radiológico de Goiânia que teve início em 13 de setembro de 1987, quando um aparelho utilizado em radioterapias das instalações de um hospital abandonado foi encontrado, na zona central de Goiânia. As lembranças desse momento não são agradáveis. Goiás sofreu com a discriminação sócio econômica, com sua marginalização comercial decretada até o início dos anos 90.

Mesmo depois da Carta Magna de 1988, presenciamos a imposição de um novo presidente chamado “Collor”, um jovem afoito, que trouxe mais dois planos intitulados como Plano Collor I e II. Mais uma agonia fora implantada, sob a falsa imagem da modernidade que teve seu início em 15 de março de 1990 até o seu término em 1992. O Confisco, assalto praticado naquela época, parecia aos olhos do presidente Collor que nas palavras de Manoel Ruiz ficaram registrados assim: “alheio a sua política econômica desastrosa, procurava passar imagem de super-homem, pilotando aeronave etc. Mostrava uma personalidade forte, vaidoso, arrojado. Quem não lembra da frase – tenho aquilo roxo”. Como presente, esse tal de presidente recebeu o impeachment, caso em que a CPI instalada apurou U$ 10 milhões e 600 mil só para as despesas pessoais que custou aos cofres brasileiros.

Em nosso estado, o que vimos nesse período, foram decisões capitaneadas pelas brigas políticas regionais de grupos de um mesmo partido nas disputas presidenciais, os quais as figuras representadas em questão eram “Lula” e “Collor” nas eleições de 1989. Deste, episódio em consequência no ano de 1990 por um Ato de Exceção político persicutório, acordo elaborado pelos resíduos dos padrões da ditadura, perdemos a nossa Caixego – Caixa Econômica do Estado de Goiás. Com isto, veio o desemprego com acertos impositivos pela fome, famílias dilaceradas e colocadas à margem da sociedade. O Governo Federal, já se redimiu com os seus servidores civis e empregados, através do processo da lei federal de Anistia, sem pré-julgamentos ao direito de defesa. Ao governo do Estado, cabe o mesmo exemplo, através do chefe do Poder Executivo, conhecedor dos fatos ou através da Assembleia Legislativa por emenda constitucional. É preciso de coragem!

Finalmente na década dos anos 2000, sob análise dos registros da história, o que me deixa triste, foram as ondas de corrupções abaladas por um sistema político arcaico, donde a expropriação indébita, juntamente com a prepotência daqueles que sempre mamaram nas tetas gordas do poder continuam declarando, isto faz parte da democracia. Concluo diante deste quadro, fazendo a seguinte pergunta: vivemos em um País democratizado? Para sua reflexão a seguinte frase: “só sentiremos dignos das nossas origens e ações, se elas puderem transformar a visão daqueles que por egoísmo desconhecem a arte na busca pela cidadania e solidariedade”. Feliz ano novo.



Antonio Alencar Filho é administrador e presidente da Associação de Resgate e Cidadania do Estado de Goiás e escreve aos domingos

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